quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Demora de kits atrasa o combate contra dengue no Rio

RIO - A alternância de sol e chuva por que passou o estado nas últimas duas semanas – quando foi registrado o maior volume d'água dos últimos sete anos, intercalado com temperaturas de até 35 graus – compôs o ambiente ideal para a proliferação da dengue. Apesar de o último Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes (Lira) ter diagnosticado uma situação preocupante em várias regiões, em especial na Zona Norte, várias associações de moradores reclamam que, até agora, as ações têm sido meramente educativas.
Várias dessas regiões deveriam ter iniciado o combate nesta semana, segundo a própria Secretaria Estadual de Saúde, mas a ação foi adiada devido ao atraso na entrega de 4 mil kits da empresa responsável.
Os 620 militares convocados pelas Forças Armadas para ajudar no combate à dengue sequer foram treinados. Segundo Mário Sérgio Ribeiro, gerente de Risco Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde, o treinamento será iniciado na próxima segunda-feira com cerca de 400 militares do Exército, que ficarão de prontidão. Quando os militares estiverem em sala de aula, os mosquitos já poderão estar prontos para atuar. Depois de chover quase dois litros por metro quadrado nos últimos 15 dias – recorde em sete anos neste período – o ClimaTempo prevê calor de até 30 graus no domingo.
– A conjunção de chuva e sol favorece muito à procriação do mosquito – explica o epidemiologista Roberto Medronho. – O período de 30 dias que o Aedes leva para se transformar em adulto pode ser encurtado para 15 ou 20 dias.
Cerca de 800 bombeiros já estão atuando na Tijuca, Ilha do Governador, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, enquanto as demais regiões esperam o kit com larvicidas adquiridos pelo estado, que só chegará semana que vem devido a uma confusão que o distribuidor teve com alguns ítens. Ao todo, cerca de 1.500 bombeiros vão combater os focos no estado.
– As variações de temperatura aceleram o metabolismo, e o controle do vetor tem de ser feito neste período – admite Ribeiro. – A previsão era de que começássemos na segunda-feira, mas vamos iniciar na próxima semana devido a um atraso na entrega dos kits.
Escassez de agentes
Por causa da escassez de agentes de saúde, um acordo junto à prefeitura definiu que o estado destinaria bombeiros para o combate à dengue no Centro, Zona Sul e regiões da Zona Norte como Engenho Novo e Méier – onde, segundo o Lira, o índice de infestação está em 5,7%, considerado extremamente preocupante pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que tolera apenas 1%.
– Temos muitos terrenos baldios e caixas d'água sem tampa – reclama Sérgio Ricardo, primeiro-secretário da Associação de Moradores do Jacarezinho, no Méier. – Há três semanas houve uma ação de conscientização, mas já deveria haver agentes em busca de focos.
A informação contraria a Secretaria Municipal de Saúde que, em nota, informou que 2.100 agentes estão na região – considerada a mais preocupante, ao lado de Madureira, Penha e Ilha do Governador. Segundo a nota, o Rio está atravessando "um período muito propício à proliferação de mosquitos, incluindo o Aedes aegypti. Calor e umidade são fatores que aceleram o ciclo biológico deles". Por isso, conclui, "estamos direcionando as vistorias dos agentes de saúde para esses possíveis criadouros e alertando a população".

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