quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Almanaque do Mauro Santayana: O espelho ianque

É sempre atual a dúvida se o poder corrompe os homens, ou os homens corrompem o poder. Acton ficou famoso pela frase de ocasião, extraída de carta a um amigo: ''o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe de forma absoluta (power tends to corrupt, and absolute power corrupts absolutely). A frase tem sido traduzida sem a moderação do verbo tend como se todo poder corrompesse, o que não corresponde exatamente ao pensamento de Acton. O grande publicista britânico disse que todo poder é passível de corrupção. Isso, naturalmente, depende do caráter de quem o exerce. Mas, liberal na expressão clássica do pensamento político, Acton previne - sem qualquer concessão - que toda corrupção de um poder absoluto é absoluta. Podemos então concluir com o companheiro de Gladstone, que, em todas as situações de poder, é possível a existência de corruptos e incorruptíveis. Os corruptos levam sua própria corrupção ao poder, como o hálito carrega as bactérias, mas nem todos que participam do poder se deixam contaminar. Há os moralmente imunes à infecção. Sem a vigilância da liberdade, o poder absoluto não encontra freios éticos.
Da mesma forma que estamos enfrentando a corrupção do parlamento e de agentes do poder executivo (agravada nos últimos 11 anos), os Estados Unidos passam por situação semelhante. As confissões do lobista Jack Abramoff (cujas atividades lembram, de perto, as de Marcos Valério) ocupam as primeiras páginas dos grandes jornais americanos e suas colunas políticas.
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