quinta-feira, 25 de setembro de 2008

2 DE OUTUBRO É DIA DE LUTA




O MUSPE - Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais volta às ruas na próxima quinta-feira (2). Desta vêz os servidores fazem sua grande passeata, saindo do Largo do Machado, às 10h da manhã, seguindo até o Palácio Guanabara. Vamos colocar 10 mil na porta do governador.

Jogando para a platéia o Caos da saúde no Rio

Artigo da leitora Michele Lopes Pedrosa.

É lamentável que o governador do nosso estado trate de forma tão inconsistente uma questão tão fundamental como a saúde pública. Fazer cena e chamar médicos de safados e vagabundos não resolve em nada a vergonhosa situação da saúde no Rio de Janeiro.

É claro que faltar plantão de forma injustificada é totalmente condenável. Mas a indignação do governador deveria se transformar em atitudes efetivas para melhoria real da rede de saúde.
O setor de saúde é problemático em todo país, mas, sem dúvida, é especialmente caótico no estado do Rio de Janeiro, onde uma seqüência de gestões desastrosas sucateou completamente os aparelhos públicos e expulsou os bons servidores. É impossível manter profissionais qualificados e motivados com o salário pago, cerca de R$ 1.200,00 líquidos, congelado há 9 anos, e em unidades de saúde com condições precárias.

Sou uma médica que me afastei da Secretaria Estadual de Saúde, não só em virtude do baixo salário, mas sobre tudo pelo desrespeito da atual gestão com os funcionários concursados. Privilegia-se a contratação através de cooperativas ou fundações, em muitos casos com remunerações superiores às dos servidores para o exercício da mesma função. O plano de cargos e salários aprovado e promulgado nunca foi posto em prática.

A atual política estadual de saúde se denomina UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Basta entender um pouco de rede de saúde e conhecer minimamente a lógica do Sistema Único de Saúde (SUS) para saber que as eleitorais UPAs só terão impacto na melhoria da saúde da população se estiverem inseridas em uma rede que inclua atividades de prevenção e assistência em unidades ambulatoriais e hospitalares, dotados de profissionais qualificados e estruturas adequadas. É claro, infelizmente, quem sofre as conseqüências é a população economicamente desfavorecida, que adoece mais, pois vive e trabalha em condições geradoras de doenças.

Arrumar culpados, jogando a população contra os profissionais, é uma atitude irresponsável, que só aumenta a tensão do sistema. Ao invés de “jogar para a platéia”, o governador e o secretário de Saúde deveriam se empenhar mais no desenvolvimento de políticas públicas e na melhoria da qualidade de vida da população, que elegeu este governo na esperança de mudanças positivas.

Este artigo foi escrito por uma leitora do Globo.