Pesquisadora defende processo contra militares, mas alega que só isso não vai acabar com a prática em delegacias e prisões
Criadora de um modelo científico - baseado em entrevistas com ex-torturadores do regime militar brasileiro - que a levou a prever torturas no Campo Delta, em Guantánamo, e na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, a socióloga americana Martha Huggins acha que os acusados de torturar prisioneiros na ditadura do Brasil devem ser julgados. “A impunidade claramente estimula”, justifica a pesquisadora, em entrevista por telefone ao Estado.
Com base no seu trabalho, Martha antecipou aos jornais dos Estados Unidos, em 2002 e 2004, a possibilidade de brutalização de prisioneiros na “Guerra ao Terror”. A afirmação, no caso do cárcere iraquiano, foi feita pouco antes da divulgação das fotos de detentos encapuzados e humilhados.
“A tortura é um sistema, que inclui muitas pessoas”, afirma a socióloga, lembrando os “facilitadores” do uso de métodos brutais contra prisioneiros, como médicos e guardas. Ela inclui o próprio presidente George W. Bush nesse grupo. “Punir somente aquele que era torturador não vai desmantelar o sistema”, opina.
Apesar de não acreditar na possibilidade de algum ex-torturador ir parar na cadeia, ela acha importante o julgamento, para “abrir olhos” do País. Destaca, porém, que a violência contra prisioneiros ainda está enraizada no Brasil. “O julgamento de Ustra não vai parar aquela tortura comum que está acontecendo todos os dias no Brasil”, afirma a socióloga, referindo-se ao coronel Carlos Alberto Ustra, que comandou o DOI-Codi em São Paulo.
No modelo científico que montou sobre a tortura, Martha identificou dez elementos, a começar pela omissão da palavra “tortura” por todos os envolvidos nos casos. “Ninguém tortura no Brasil, você sabe”, ironiza. “No meu estudo, passei meses procurando um torturador. Ninguém torturou.”
Criadora de um modelo científico - baseado em entrevistas com ex-torturadores do regime militar brasileiro - que a levou a prever torturas no Campo Delta, em Guantánamo, e na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, a socióloga americana Martha Huggins acha que os acusados de torturar prisioneiros na ditadura do Brasil devem ser julgados. “A impunidade claramente estimula”, justifica a pesquisadora, em entrevista por telefone ao Estado.
Com base no seu trabalho, Martha antecipou aos jornais dos Estados Unidos, em 2002 e 2004, a possibilidade de brutalização de prisioneiros na “Guerra ao Terror”. A afirmação, no caso do cárcere iraquiano, foi feita pouco antes da divulgação das fotos de detentos encapuzados e humilhados.
“A tortura é um sistema, que inclui muitas pessoas”, afirma a socióloga, lembrando os “facilitadores” do uso de métodos brutais contra prisioneiros, como médicos e guardas. Ela inclui o próprio presidente George W. Bush nesse grupo. “Punir somente aquele que era torturador não vai desmantelar o sistema”, opina.
Apesar de não acreditar na possibilidade de algum ex-torturador ir parar na cadeia, ela acha importante o julgamento, para “abrir olhos” do País. Destaca, porém, que a violência contra prisioneiros ainda está enraizada no Brasil. “O julgamento de Ustra não vai parar aquela tortura comum que está acontecendo todos os dias no Brasil”, afirma a socióloga, referindo-se ao coronel Carlos Alberto Ustra, que comandou o DOI-Codi em São Paulo.
No modelo científico que montou sobre a tortura, Martha identificou dez elementos, a começar pela omissão da palavra “tortura” por todos os envolvidos nos casos. “Ninguém tortura no Brasil, você sabe”, ironiza. “No meu estudo, passei meses procurando um torturador. Ninguém torturou.”
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