segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Obama e a ex-futura prostituta de Brasília

Barack Obama está sendo pressionado a matricular suas duas filhas numa escola pública de Washington --talvez seja mais fácil um negro se eleger presidente do que ele aceitar essa pressão. Afinal, as escolas públicas daquela cidade são conhecidas pelo péssimo desempenho, violência, drogas, especialmente entre os negros.
O que me intriga nesse debate é o fato de que a capital da nação mais poderosa do mundo tem dificuldade de lidar com a violência de seus alunos --e daí se vê a dificuldade que temos e vamos continuar tendo no Brasil, onde não dispomos, nem remotamente, de tantos recursos.
Por isso, recomendo a leitura de um livro chamado "A Pedagogia do Cuidado", do educador Celso Antunes, que está sendo lançado nesta semana, sobre a experiência da Casa do Zezinho, que fica no chamado "triângulo da morte" de São Paulo. São relatos de casos de educação contra a barbárie, fazendo com os que jovens se expressem e se encantem pelo conhecimento.
Um exemplo é a de uma menina que se prostituía na favela. Num truque pedagógico, Dagmar Garroux ofereceu-lhe então um treino para ser prostituta com muito dinheiro, preparada para trabalhar em Brasília. Isso implicou estudar mais e cuidar do corpo para valorizar a "mercadoria". A menina fez ensino médio, entrou num curso pré-vestibular, passou na USP e se formou em odontologia.
O caso, que está detalhado no www.catracalivre.com.br, mostra que não basta dinheiro para enfrentar a violência. É preciso oferecer espaço de sonho --por isso, a ex-futura-prostituta de Brasília virou dentista. E também um negro órfão, criado por uma avó, se tornou presidente.

Um comentário:

FORA CABRAL disse...

Tico Santa Cruz: As verdades do mundo

Cantor e compositor

Rio - Eu desafio o secretário de Comunicação do governo do estado, Ricardo Cota, a matricular seus filhos por um ano numa escola municipal ou estadual e abrir mão dos planos de saúde e hospitais particulares para ele e seus parentes pelo mesmo período, usando somente estabelecimentos do Estado. Recomendo que se mude por um tempo curto, talvez um mês, para uma comunidade carente, sem escolta.

Convido o secretário a participar de apenas três ações do grupo Voluntários da Pátria em instituições que são mantidas pelo poder estadual, dialogando com alunos e professores a respeito das condições oferecidas por nossos administradores. Desafio ainda o secretário a manter-se, e a sua família, ao longo destes próximos 365 dias com o mesmo salário que recebe um policial civil ou um médico do SUS, sem bonificação ou ajuda externa. Caso aceite o desafio, então hei de considerar a resposta dele a meus artigos.

É muito fácil, de um gabinete com todas as regalias financiadas com o dinheiro de impostos, viver no mundo cor de rosa onde a realidade é bem diferente da de um cidadão comum e ainda emitir qualquer parecer contra uma possível reação da sociedade, mesmo que através de pensamentos expressos numa coluna de jornal. Enquanto estes profissionais lutam por dignidade, nossos deputados estaduais e seus asseclas aumentam seus salários e se beneficiam do dinheiro dos cofres públicos.

Meus artigos dão voz ao que muitos pensam e não podem dizer e isso nada tem a ver com o assassinato de meu companheiro ou muito menos com ódio. Tem a ver com dignidade e respeito, coisa que pouco se oferece ao cidadão. Ao menos gritar por socorro nós podemos ou até isso vocês querem impedir?

“A consciência do povo daqui é o medo dos homens de lá”.