terça-feira, 28 de outubro de 2008

Abstenção recorde

O próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, admitiu ontem que há algo de errado com o processo político brasileiro, em função da altíssima abstenção em um país onde o voto é obrigatório. Nada menos que 18,11% dos votantes não compareceram às urnas. E isso no segundo turno, quando o trabalho de escolha é bem mais simples, apenas entre dois candidatos. No primeiro turno a abstenção fora de 14,5%.Ayres Britto apontou a reeleição como um efeito complicador, em função da dificuldade de se fiscalizar o uso da máquina administrativa. Em São Paulo, por exemplo o prefeito reeleito Gilberto Kassab mesclava os atos de campanha com o o trabalho de conferência de obras. Sua aparições públicas como prefeito podem ser consideradas como publicidade disfarçada.Outro exemplo: no Rio, o governador Sérgio Cabral, apoiador do candidato Eduardo Paes, que venceu a eleição, antecipou o feriado do dia do servidor público para esta segunda-feira, o que, no entender do candidato adversário, Fernando Gabeira, favoreceu a abstenção ao esvaziar a cidade, sobretudo entre os eleitores que votariam nele.Cientistas políticos também avaliam que o descrédito dos políticos nacionais contribui para o desânimo do eleitor em ir às urnas. A obrigatoriedade do voto seria outro desestímulo, ainda mais quando o eleitor não se identifica ou não vê qualidades em nenhum dos candidatos que se colocam na disputa. A alegação da Justiça Eleitoral de que o voto é ½um direito, antes que um dever”, não convence.A reforma política, que poderia sanar vários desses problemas, se arrasta no Congresso, o que demonstra que os políticos acham que do jeito atual é que está bom. Uma das mudanças poderia ser a instituição do voto distrital, onde candidatos comprometidos com determinada região seriam os escolhidos para a disputa, isto na eleição para o Legislativo. O povo brasileiro já está suficientemente maduro para que o processo eleitoral seja modernizado, fazendo com que o Brasil emparelhe-se com as legítimas democracias do mundo.

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